quinta-feira, 26 de março de 2020

Liberdade

No último domingo recebi um vídeo que continha um convite. Escrito. No vídeo, minha pequena amiga Sayuri me convidava para irmos à Liberdade (Bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo), quando passar o coronavírus (palavras dela).

No convite, além da bandeira do Japão, de um coração, de uma estrela e do nome dela e do meu, estava escrita, em letras garrafais, a palavra LIBERDADE.

Sayuri me fez um convite à liberdade que não só me emocionou como me fez pensar. Será que ela sabe, aos três ou quatro anos (sou péssima com idades), que estamos sem liberdade? Será que inconscientemente ela sabe? E eu, até que ponto eu sei? Será que a minha ficha já caiu geral?

Nostalgia é algo que eu raramente experimento e ontem me surpreendi assim, nostálgica. Nostálgica da liberdade que, de todas as perdas, até agora (eu sei que estamos só no começo), tem sido a pior para mim. Isolamento algum, no meu caso, é pior do que o confinamento. Recentemente me perguntaram se eu fico bem sozinha e a resposta, desde sempre, é sim. Não seria se eu não tivesse livros, este computador onde escrevo, lápis e papel (é por isso que fiquei tão impressionada com o filme Uma noite de 12 anos, já que por anos a fio eles não tinham palavra alguma a não ser as impalpáveis, as que estavam dentro deles). Como tenho, posso me envolver nas palavras, nas dos outros e nas minhas, e fazer delas o meu escudo protetor, o meu cobertor. Só não posso me proteger da falta que a liberdade faz, pois esta é inexprimível.

Segue daí, imagino, a nostalgia que se instalou, agora, em mim. Até quando vai durar, não sei. Seguimos sem garantias. 

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