Hoje estou desconexa. Desconexa? Sim, fragmentada. Como se cada parte de mim estivesse num lugar diferente. Um braço pra lá, outro pra cá, uma perna solta, a outra abandonada. E eu não estou encontrando as palavras para juntá-las. Nem tudo tem simbolização. Eu sei. Sabe, eu não imaginava que eu deitaria aqui hoje e choraria. É realmente sempre uma surpresa.
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Começou quando ela disse chega!, quando ela abriu a porta de saída do carro da vida dela e o empurrou para fora. Aquela coisa estática, fria, corrosiva e furtiva que sempre a encobriu com sua sombra mal dissimulada. Ela enxergava a covardia que aparecia como um monstro que aprisiona pequenas criaturas indefesas em gaiolas de aço. O asco e a curiosidade que isso provocava nela. Por que, se passarinho é para voar e gente é para amar? Por que ele nunca entendeu isso e sempre se escondeu atrás do discurso violento da indiferença? Qual era a parte que faltava? Ela repetiu um sem-número de vezes que preferiria ter apanhado. Preferia um tapa ao bater violento de portas trancadas com chaves guardadas a sete, oito, nove, dez chaves. Preferia qualquer coisa àquela loucura. Ou era perversidade? Ela não sabe dizer. Sabe só que mesmo sem sombra e com a porta fechada a alegria ainda dói um pouco. Tanto, que às vezes vira pranto.
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Chorar é extravasar o que nem as palavras podem juntar.
P.S.: O título deste texto é inspirado na música Eu Estou aos Prantos, de Letrux.
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