Foi por causa dessa história de amor que, durante minhas andanças pela cidade, resolvi sair em busca da livraria e, embora a procura fizesse parte do roteiro, acabei encontrando a Shakespeare and Company completamente por acidente.
A Cidade Luz já lançava seu brilho sobre a noite quando eu saí, em estado de graça, da Notre Dame - onde, durante a celebração de uma missa, um coro de mulheres cantava uma melodia maravilhosa que se misturava à luz emitida pelas chamas das velas e se espalhava pela atmosfera – e comecei a andar a esmo, indo em direção à esquerda após cruzar a praça da catedral; atravessei uma rua e pisei em uma calçada recheada de cafés e de parisienses animados e, um ou dois passos depois, vi um letreiro familiar com a inscrição Shakespeare and Company, caixas e banquinhas de livros na calçada e muito movimento. Esfreguei os olhos e abri um daqueles sorrisos que a gente dá pensando no destino, na fortuna, no acaso ou como queira chamar. Lá estava ela, a livraria onde Celine e Jesse haviam finalmente se encontrado e onde escritores como Hemingway - na época jovem e sem dinheiro - pegavam livros emprestados com a antiga proprietária, Sylvia Beach.
Foto: Camila Guido
Em Paris é uma festa (A moveable feast), Hemingway relata algumas conversas que teve com Sylvia, que lhe emprestava livros e estava sempre preocupada com sua saúde (para economizar, o escritor costumava pular algumas refeições); a Shakespeare and Company ficava, então, no número 12 da rue de l’Odéon e não no 37 da rue de la Bûcherie, seu atual endereço.
Assim como de local, a loja também mudou de mãos e não pertence mais a Sylvia Beach, que faleceu em 1962. Porém, quando se fala no nome da atual proprietária, pode haver alguma confusão: Sylvia Beach deixou a livraria para seu amigo, o americano George Whitman, cuja filha e hoje proprietária da Shakespeare and Company se chama, em homenagem a Sylvia Beach, Sylvia Beach Whitman.
Para saber mais, recomendo a ótima matéria do O Estado de S. Paulo digital, do último dia primeiro. Quem me passou o link foi o Carlos e a única coisa errada com a minha visita à Shakespeare and Company é o fato de que ele não estava comigo. Mas eu volto, agora com ele, ainda neste ano. Para ler a matéria, clique aqui.
P.S.1 A sexta edição do Paris City Guide, da Lonely Planet, traz um roteiro literário que, para os mais obcecados (como eu), vale a pena conferir.
P.S.2 Para ver a cena em que Celine e Jesse se encontram na Shakespeare and Company, clique aqui.
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