quinta-feira, 23 de abril de 2009

Contrastes

Foto: Camila Guido/Peru, Raqchi

Acabaram as férias e o saldo, hoje, é um nó no peito, outro na garganta, alguma confusão e a impressão de ter sido soterrada por uma avalanche de sensações e imagens contrastantes.

Minha mente é uma mistura de tons de verde, azul, marrom e cinza, de muitos muito pobres e ricos de outros mundos e da vulgaridade plástica das garrafas de água e de refrigerante num país em que a existência de construções coloniais e de igrejas parece um despropósito maior que o habitual.

Volto e as notícias não são as melhores: um amigo que partiu para sempre e a pessoa mais querida do mundo em apuros; meio-dia de hoje, despedida: okay, a gente se vê em breve, mas dói assim mesmo.

Vejo algumas fotos que tirei no Peru com mais calma, olho pra Gigi que está dormindo e, com ou sem nó no peito, é bom. Não importa a quantidade ou a intensidade dos "contrastes" que a vida possa oferecer, estar aqui é estupidamente bom.

Olho de novo pra Gigi e tenho certeza que ela pensa a mesma coisa, afinal, em pouco mais de um ano, ela, que era uma cachorrinha num abrigo, agora tem todos os mimos e todo o amor do planeta. Mudança de vida radical!

Sou doida por ela e minhas manifestações corujas são todas corroboradas pelos parentes e amigos, meus e da Gigi: ela é o máximo!

Moro num apartamento bem pequeno e, embora tenha adoração por cães, sempre tive receio de ter um num espaço tão restrito, pois achava que seria um sofrimento para o anilmazinho. Tudo errado.

Uma amiga, a Cris, mãe do Fredo e do Chico - duas criaturas adoráveis que eu costumava sufocar com os meus apertões e a minha vontade de ter um cachorro -, me convenceu a adotar uma cachorrinha adulta, dizendo que, por não ser mais uma criança, ela seria mais calminha e ficaria no apartamento numa boa e sem sofrimentos, inclusive enquanto eu estivesse trabalhando.

Duvidei um pouco da eficácia do plano, mas fui em frente e acabei adotando a Gigi, que, na época, tinha entre quatro e cinco anos, de acordo com os veterinários.

Resultado da aventura: adaptação praticamente imediata, nenhum trabalho e o privilégio de conviver com um dos seres mais dóceis, amigáveis, educados, sábios e, claro, gratos, que eu já conheci ao longo dos meus trinta anos. Claro que estou tentando estragá-la um pouco com os meus mimos, mas, mesmo mais confiante e segura, a Gigi, com a sua sabedoria quase mística, continua exemplar.

Para adotar um cão, é fácil: você pode pegar um cachorrinho sem dono na rua e fazer dele o ser mais feliz do universo (e vice-versa) ou ir a um abrigo como a UIPA (União Internacional Protetora dos Animais) ou o Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo. Caso não tenha coragem de ver pessoalmente tantos animalzinhos precisando de um lar, basta fazer buscas na internet: há centenas, talvez milhares de pessoas doando animais pelas mais diversas razões. Você vai ver histórias de partir o coração em trilhões de pedaços, mas uma coisa eu garanto: o que vem depois é sublime.

P.S.1 Gatinhos também podem ser adotados nas ruas, nos abrigos, pela internet.

P.S.2 Nos sites da UIPA e do Centro de Zoonoses também há fotos de cães e gatos para adoção.

P.S.3 Jamais pense em adotar e depois "descartar" um animalzinho na hipótese de "não dar certo" e esteja preparado para ter paciência caso seja necessário. Parece loucura dizer, mas, lembre-se: cães e gatos não são brinquedos ou coisas. Seja responsável e, acima de tudo, comporte-se como um ser humano que mereça ser chamado assim.

P.S.4 A dica foi da Ju, amiga do trabalho: encontrei a Gigi aqui.

P.S.5 Muitas dicas sobre o Peru estão por vir; por enquanto, você pode ver algumas fotos (outras serão disponibilizadas nos próximos dias) aqui.


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