segunda-feira, 24 de julho de 2017

Enjoy the Silence

Claramente inspirado na música de mesmo nome da banda inglesa Depeche Mode o título deste post andou explodindo na minha cabeça em duas ocasiões recentes onde, apesar do pretenso perrengue e do aparente sofrimento, o que de fato predominava em mim era uma enorme curtição do silêncio.

Quando digo que até gosto de um perrengue e que me sentir exausta depois de um treino tem um quê de prazeroso é possível que tais revelações remetam o interlocutor diretamente às ideias de desafio e de superação pessoal. Mas ambos são apenas coadjuvantes numa história cujo protagonista é algo ou alguém maior e mais fundamental.

O fato é que após um tempo de esforço contínuo ouvindo as batidas do meu coração e a minha respiração eu desencano de mim, ou melhor, daquele ser que fica o tempo todo falando dentro da minha cabeça, ao qual muitos dão o nome de ego. É em momentos como esse que, pedalando numa subida hardcore no meio de uma trilha na mata, por alguns segundos ou por uma fração deles, o tempo para, o espaço perde a consistência habitual e a mente fica quieta.

Quando o pensamento volta e, como de hábito, começa a analisar a experiência, percebo não só que tudo o que eu queria era estar exatamente ali naquele momento e naquela subida, aproveitando o silêncio de dentro e o de fora, como também que nada, ao fim e ao cabo, é mais importante que isso.

Costumo dizer que adoro as palavras, principalmente as escritas, mas ao mesmo tempo acredito que nenhuma delas, em tempo algum, será capaz de expressar as coisas mais fundamentais. Estas só o silêncio (com a ajuda de uma boa piramba) pode revelar.

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