"(...) Dormimos embaladas pelos sonos mútuos, ouvindo sem ouvir os ruídos produzidos, sentindo sem sentir os movimentos de quando se muda o corpo de posição, uma perna, um braço, o tronco todo, e nos empurramos, e aconchegamos, e quando acordamos percebemos sem perceber, porque era sobretudo um sentimento inexprimível, que há muito tempo nos havíamos transformado em apenas uma. Eu e a cadela somos um único bicho."
Isabela Figueiredo em A gorda
Do amor da minha vida sei que vou continuar a procurar pelo som da respiração que me embala o sono. Sei das pontadas que virão com a ausência dos cheiros que me amolecem a cada vez que enterro meu rosto no seu corpinho para enchê-la de beijos. Sei que não sentirei mais nos dias difíceis o alento causado pela sensação do toque da minha mão na sua barriga quente e redonda. Sei que o calor que se espalha no meu peito sempre que olho para ela vai virar frio que sobe pela coluna e invade o pulmão, congelando o ar e me fazendo sufocar.
Eu não sei mais como é viver sem ela, mas sei que não ter vivido com ela o amor seria tristeza maior que a falta que ela fará.
Do amor da minha vida sei que as palavras não dão conta. Que o amontoado indefinível de significados que enchem nossas vidas e as alinhavam numa costura única é da ordem das coisas que não se sabe como dizer e que só quem pode sente.
Sobre o amor da minha vida há o mistério do sonho que me olha de frente e do que aparece ao meu lado. Enigma que é tão resistente quanto a minha dificuldade em aceitar a perspectiva do só da vida sem ela e de deixar que as palavras virem água.
Do amor da minha vida escrevo pensando nos mil jeitos que ela me olha e que olho para ela ao vê-la andar por aí, sentindo os cheiros das ruas e virando a cabeça para trás para ver se ainda estou com ela. Verificação que é feita em casa, a todo instante, num silêncio de adoração apaixonada e demandante do meu complemento quase permanente.
Do amor da minha vida vou guardar as inúmeras tardes de domingo que passamos juntas na esquina das Ruas Aracaju e Maranhão e os nossos passeios pelo Parque Buenos Aires, onde por vezes nos deitamos na grama para ler um livro e observar o movimento das outras pessoas e cachorros.
Pelo amor da minha vida acho que sempre vou procurar ao olhar para trás no banco do carro, de onde ela me olhou por anos durante todas as nossas idas e vindas dentro e fora de cidades, e ao redor da minha cama, onde ela sempre se acomodou, nos muitos quartos onde dormimos.
Vou lembrar dela à minha espera na entrada dos mais variados lugares, imóvel, atenta à expectativa do meu retorno que, quando acontece, é movimento de cabeça para cima e sinal de vamos, estou pronta.
Do grande amor da minha vida escrevo a perspectiva ainda embaçada que vem vertendo de mim, ora em palavra bruta de sofreguidão, ora líquida de compreensão.
Sobre o amor da minha vida há o mistério do sonho que me olha de frente e do que aparece ao meu lado. Enigma que é tão resistente quanto a minha dificuldade em aceitar a perspectiva do só da vida sem ela e de deixar que as palavras virem água.
Do amor da minha vida escrevo pensando nos mil jeitos que ela me olha e que olho para ela ao vê-la andar por aí, sentindo os cheiros das ruas e virando a cabeça para trás para ver se ainda estou com ela. Verificação que é feita em casa, a todo instante, num silêncio de adoração apaixonada e demandante do meu complemento quase permanente.
Do amor da minha vida vou guardar as inúmeras tardes de domingo que passamos juntas na esquina das Ruas Aracaju e Maranhão e os nossos passeios pelo Parque Buenos Aires, onde por vezes nos deitamos na grama para ler um livro e observar o movimento das outras pessoas e cachorros.
Pelo amor da minha vida acho que sempre vou procurar ao olhar para trás no banco do carro, de onde ela me olhou por anos durante todas as nossas idas e vindas dentro e fora de cidades, e ao redor da minha cama, onde ela sempre se acomodou, nos muitos quartos onde dormimos.
Vou lembrar dela à minha espera na entrada dos mais variados lugares, imóvel, atenta à expectativa do meu retorno que, quando acontece, é movimento de cabeça para cima e sinal de vamos, estou pronta.
Do grande amor da minha vida escrevo a perspectiva ainda embaçada que vem vertendo de mim, ora em palavra bruta de sofreguidão, ora líquida de compreensão.
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