terça-feira, 6 de março de 2012

Mochilar ou pedalar?

Colônia do Sacramento, Uruguai

Nada melhor que o conteúdo deste blog para testemunhar o quanto eu sempre adorei e fui fiel praticamente da modalidade “sair por aí com uma mochila nas costas”. Sozinha ou bem acompanhada, a mochila sempre foi a encarregada do transporte das minhas coisas mundo afora.

Contudo, já faz um tempo, conheci, entre uma viagem e outra (de mochila, fique claro), o Paulo, de quem comecei a ouvir histórias sobre pessoas que não só viajavam de bicicleta, como também davam voltas ao mundo com ela!

Intrigada mas ainda meio desconfiada, topei fazer uma trip de bike com ele, apostando que eu não abandonaria minha mochila por bicicleta alguma, que as viagens de bike não seriam frequentes e, o mais importante, que mochilar era sem dúvida mais prático e proporcionava maior liberdade do que viajar de bicicleta.

Aposta lançada, comprei uma bike (batizada El Diablo pelo querido amigo Cacá e assim chamada até hoje, graças ao seu espírito guerreiro) e, algumas trilhas e uma viagem não realizada depois, fiz minha primeira (mini) viagem de bicicleta.

Três dias pela Serra do Caparaó culminaram, posteriormente, no desejo e no desafio de uma viagem mais longa, de aproxidamente quinze dias pelo Uruguai. Na volta, a decisão de passar um mês pedalando por Espanha e Portugal pelos Caminhos de Santiago. No final do último ano, não pensei duas vezes: mais uma cicloviagem, agora pelo Paraná. E, no último carnaval, o Circuito Vale Europeu, que teve o brilho e a alegria da companhia de novos amigos.

Desnecessário dizer, a essa altura, que perdi a aposta; no último encontro do Clube de Cicloturismo - momento bastante especial na minha existência de cicloturista – eu finalmente disse ao Paulo que, experimento realizado, a bicicleta superou a mochila em vários quesitos.

É fácil entender: a hospitalidade e a simpatia das pessoas (e aqui as histórias são muitas e algumas invariavelmente me fazem rir ou chorar até hoje), os finais de tarde de tirar o fôlego, o cheiro da terra e o barulho das rodas da bicicleta deslizando sobre ela, a água de uma torneira ou de uma pequena bica trazendo alívio em meio ao esforço, a sensação de superação depois de uma subida que mais parece um paredão, de pedalar horas sentindo dor e, mesmo assim, chegar ao destino planejado, um banho de rio no meio do caminho, um misto frio que, depois de alguns quilômetros de pedal, adquire o sabor de uma iguaria, a adrenalina e o banho de endorfina que acompanham o percurso, entre muitos outros fatores transcendem qualquer dificuldade e fazem da cicloviagem uma experiência inesquecível e transformadora.

Ainda que um pouco de escanteio, é claro que continuo nutrindo um carinho especial pela minha mochila; porém, ela vai ter que esperar mais um pouquinho antes de sair do armário pois, para as férias deste ano, El Diablo foi novamente a escolhida. :)

8 comentários:

  1. Camila, conte mais sobre essas viagens! Adoraria saber como é a logística de uma viagem de bicicleta! Beijos!

    ResponderExcluir
  2. Oi, Camila!!

    Vou contar sim; em breve, um post sobre o Caminho de Santiago, que já está no forno. :)

    Beijão!

    ResponderExcluir
  3. Bacana! Sacramento é muito legal, um ótimo passeio de carro, imagino que de bike seja ainda melhor.

    ResponderExcluir
  4. De bike foi sensacional; só houve um probleminha em Colônia do Sacramento: adoramos o artesanato local e não pudemos trazer nada... Mas vale o que ficou na lembrança. :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Camila, vcs precisam treinar mais.rsss
      Na minha viagem pelo Chile e Argentina, comprava artesanatos leves, mas teve uma hora que tive que pedir uma caixa em uma loja em Villa La Angostura para por os artesanatos locais, o cara apareceu com uma caixa de gabinete de computador.rsss Peguei o mala-bike e os artesanatos e coloquei na caixa e prendi por cima dos alforjes (só estava com alforjes laterais). E eu tinha pedalado apenas uns 200kms dos 900km total.rsss

      Excluir
    2. Caraca, vou lembrar dessa!!!!! Rsrs!! Grande abraço!

      Excluir
  5. Suas palavras são perfeitas... só não gostei do nome dado a bike! Valmir

    ResponderExcluir
  6. Olá, Valmir!

    A bike acabou ficando com o nome dado pelo nosso amigo Cacá durante um pedal. Estávamos descansando um pouco quando o Cacá, olhando para a minha bicicleta, a dele e a do Paulo, disse: El Diablo, Morcega e Céu de Estrelas. El Diablo, vermelha e branca; Morcega (a bike do Cacá), toda preta; e Céu de Estrelas (a bike do Paulo), branca e azul.

    Passei um tempo achando que encontraria outro nome para a minha bicicleta mas, durante o Caminho de Santiago, pedalando com os alforges cheios num solo pra lá de pedregoso, não tive dúvidas: minha bike é forte e muito guerreira, um verdadeiro diabinho. Ou seja, o Cacá estava certo desde o começo e o nome dado por ele caiu como uma luva. :)

    Um forte abraço,

    Camila

    ResponderExcluir