segunda-feira, 1 de junho de 2020

Sonhos da quarentena

Estou num quarto estreito, obscuro, onde há três beliches feitos de uma estrutura de madeira muito escura. Dois dos beliches estão dispostos em linha na mesma parede enquanto o outro está na parede oposta. No beliche que está sozinho na parede há duas mulheres além de mim. Eu as conheço.

Uma delas fala comigo, muito e provavelmente em tom acusatório, mas eu não a escuto. Vejo seus lábios se moverem e até imagino o que ela está dizendo, mas não a escuto. Eu olho mas não a vejo. A presença dela naquele quarto me incomoda. O que ela está fazendo ali?

A outra mulher está sentada no colchão, quieta ou balbuciando algo, com o rosto coberto por uma felicidade triste, enquanto a que fala parece estar o tempo todo em pé ao lado dela, porém não muito próxima.

Eu estou do lado oposto, junto dos dois beliches. Atrás deles, na parede, não há, a princípio, nada, mas depois percebo que o guarda-roupa do quarto da minha infância está lá, dentro e através da parede. Uma antiguidade restaurada, também em madeira muito escura. Eu mexo nas prateleiras enquanto vejo, de relance, a mulher que fala. Onde estão as portas do guarda-roupa? E como é possível que eu esteja mexendo naquelas prateleiras através da parede? Há outra dimensão de sonho dentro do sonho?

Angustiada com tudo ao meu redor, o tamanho do quarto, os beliches, o escuro da madeira e do quarto e, principalmente, com a mulher que fala, eu desperto.

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