Estou num quarto estreito, obscuro, onde há três beliches feitos de uma estrutura de madeira muito escura. Dois dos beliches estão dispostos em linha na mesma parede enquanto o outro está na parede oposta. No beliche que está sozinho na parede há duas mulheres além de mim. Eu as conheço.
Uma delas fala comigo, muito e provavelmente em tom acusatório, mas eu não a escuto. Vejo seus lábios se moverem e até imagino o que ela está dizendo, mas não a escuto. Eu olho mas não a vejo. A presença dela naquele quarto me incomoda. O que ela está fazendo ali?
A outra mulher está sentada no colchão, quieta ou balbuciando algo, com o rosto coberto por uma felicidade triste, enquanto a que fala parece estar o tempo todo em pé ao lado dela, porém não muito próxima.
Eu estou do lado oposto, junto dos dois beliches. Atrás deles, na parede, não há, a princípio, nada, mas depois percebo que o guarda-roupa do quarto da minha infância está lá, dentro e através da parede. Uma antiguidade restaurada, também em madeira muito escura. Eu mexo nas prateleiras enquanto vejo, de relance, a mulher que fala. Onde estão as portas do guarda-roupa? E como é possível que eu esteja mexendo naquelas prateleiras através da parede? Há outra dimensão de sonho dentro do sonho?
Angustiada com tudo ao meu redor, o tamanho do quarto, os beliches, o escuro da madeira e do quarto e, principalmente, com a mulher que fala, eu desperto.
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