Carrego, desde sempre, palavras turvas pela viscosidade do sangue que me confunde. Palavras que se arrastam pela corrente sanguínea e que de tempos em tempos incham, tomando corpo ou tomando o corpo.
Palavras que, mesmo maiores, as mãos do olhar que o espelho reflete vazio não podem tocar. (Não há alcance quando o de dentro é só e mais adentro.)
Ainda assim as palavras esperam e recebem a frustração como a criança que ganha o presente mais almejado.
Quando se separou, o corpo que carregava as palavras virou dois, um tomado pela história dos seus outros e outro que se estende para a escrita de outra história.
Em meio à realidade de fundos infinitos, o segundo corpo, que por vezes se pega ressentido da falta do norte da repetição, tateia o universo dos movimentos e observa os fios que vão se formando ao longo da expedição de exploração do espaço virtual, onde a literalidade do real ocorre sem esforço.
É no sem chão de uma antitopografia que o corpo procura pelo como das outras palavras.
É no sem chão de uma antitopografia que o corpo procura pelo como das outras palavras.
P.S.: Inspirado pela exposição Björk Digital, em cartaz no MIS de 18 de junho a 18 de agosto de 2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário